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Aeroporto

Outra função de um Guia-Intérprete é dar apoio no aeroporto. Tanto nas chegadas como nas partidas. Pode até parecer que não há necessidade de um guia para uma partida, mas nem sempre chegar e embarcar é algo simples. Chegamos com o grupo, verifica-se qual o balcão de check-in, dirigimo-nos para o mesmo e aguardamos até que a última pessoa do grupo faça o check-in. Nesse entretanto tantas coisas sucedem: um passaporte que ficou no hotel, temos que arranjar forma de o trazer a tempo; umas chaves de casa que ficaram no cofre do quarto de hotel, temos que arranjar forma de as trazer a tempo; um vôo cancelado, temos que arranjar forma de ajudar o grupo; excesso de peso, neste caso podemos começar por tentar que a hospedeira de terra não cobre os quilos extra, depois podemos aconselhar a pessoa a abrir a mala e a distribuir o peso pela mala de mão, a vestir mais um casaco, mas não havendo solução, indicamos onde proceder ao pagamento do mesmo (certo dia tive um senhor que pagou exactamente o mesmo que o seu bilhete!); bagagem fora de formato, indicamos qual o balcão a dirigir-se; tax free; e por fim a entrada para a área de embarque. Muitas companhias aéreas têm agora o fast check-in... de rápido por vezes tem mesmo muito pouco! Os alemães têm feito muitas queixas; a máquina nem sempre é perceptível, a pessoa tem novamente que ter consigo os papéis com os códigos de reserva e quase nunca conseguem os lugares que queriam. Além de terem que se dirigir a uma segunda fila - a bagagem. Sem mencionar a quantidade de vezes que se fica à espera de um auxiliar porque o sistema bloqueou! As chegadas têm tantas outras aventuras. A simples: temos o placard com o nome do grupo, colocamo-nos no espaço reservado aos profissionais de turismo, esticamos o braço para que vejam bem a sinalética ao chegar. O grupo identifica-se e encaminhamo-nos para a saída e respectivo autocarro. A complexa: um dia inteiro a receber pessoas de vários vôos. Recebemos uma lista com a indicação dos vôos e dos clientes que chegam em cada um. Conforme o número de pessoas podemos ter um carro, um mini bus ou um (ou mais) autocarro para o transporte. O Guia-Intérprete fica responsável de verificar que o transporte está a horas, de receber as pessoas e levá-las ao mesmo. Tudo isto parece fácil quando temos um vôo de hora a hora e com poucas pessoas. Tudo fica mais complicado quando os vôos têm diferença de 10 minutos e em cada um deles chegam 10 pessoas (para não dizer 40 ou 50). Gerir estar em frente à placa com o nome do grupo, fazermo-nos ver, pedir às pessoas para virem ter connosco de modo a verificar o nome e levá-las ao transporte... não é fácil. Por vezes, por mais placas que tenhamos há pessoas que não nos vêem. Por vezes enquanto levamos o cliente ao transporte, chegam outros (e é tão agradável quando colegas e motoristas percebem e pedem às pessoas para aguardar porque sabem que voltamos). Por vezes os vôos atrasam ou adiantam e tornam a tarefa ainda mais difícil. Por vezes 50 pessoas com malas parecem ocupar o aeroporto todo e quando pensamos que as contamos todas, falta aquele que foi ao WC ou a que está a fumar lá fora. Por vezes não comemos. Por vezes o cliente não embarcou no vôo esperado e aparece sem sabermos bem de onde. Por vezes temos indicações de vôos que não existem e tentamos adivinhar a que horas será a chegada real tendo em conta a origem do mesmo. Por vezes já nem sentimos as pernas porque estamos 12 ou 14 horas de pé. Por vezes já gelamos porque faz imenso frio em frente à porta das chegadas. Mas sempre, sempre sorriremos assim que a pessoa chegar. E quase sempre, sem saber muito bem explicar porquê, acertamos logo que aqueles são os nossos clientes. Esse seria um estudo interessante a fazer sociologicamente! E é tão bom quando esses dias são partilhados com colegas. A foto foi no dia em que dissemos "adeus" a um grupo de 200 brasileiros. (falta a Marta Cunha)

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