Escolher uma ementa não é algo fácil e rápido. A ideia de que basta escolher a gastronomia local está errada. Apresentar a gastronomia local é certamente uma boa escolha, mas não estereotipando e já o fazendo, as nacionalidades têm ingredientes e formas de preparar um prato que realmente gostam mais que outras. Além de algumas nacionalidades "temerem" experimentar sabores novos! A escolha acertada é a mescla do local com o apreciado pelo cliente e assim a refeição será um sucesso! No entanto há um ponto que não deve ser esquecido - a dieta alimentar que pode interferir com a cultura ou o bem estar físico dos clientes, ou seja, dietas alimentares como: vegetariano, sem glúten, kosher (produtos que obedecem às leis judaicas), hallal (segundo as leis islâmicas), diabéticos, alergias (nozes, marisco, morangos...). Há anos atrás estas dietas chegavam a ser esquecidas, mas felizmente actualmente isso não acontece. E na maioria dos casos as agências colocam a questão da dieta alimentar ao seu grupo, pedindo para que cada um responda se tem alguma dieta que deve ser respeitada. No entanto penso que por vezes as pessoas não entendem que essa referência é às dietas mariores e acabam por escrever coisas como: não gosto de alface; ou não gosto de pinhões; ou não como peixes vermelhos ou só gosto de chocolate. Assim menús que poderiam ter no máximo uma opção de 3 pratos, acabam por ter por vezes 10 dietas diferentes (pois a agência quer dentro do máximo possível, corresponder ao pedido dos seus clientes). Na hora da refeição é, por vezes, entregue ao Guia-Intérprete a lista das dietas: o nome da pessoa, seguido do prato que lhe irá ser servido e com a indicação de como identificar essa pessoa. Quando o grupo é pequeno e fica ainda alguns dias, acabamos por memorizar os clientes com as dietas especiais. Mas num grupo de 150 pessoas essa tarefa torna-se mais difícil, aí é utilizado um sistema de cores para cada dieta. Imaginemos: verde - vegetariano, amarelo- kosher, vermelho - sem glúten... É-nos entregue, por norma, um pequeno autocolante redondo das várias cores que colocamos ou na cadeira ou junto ao copo de modo a que o empregado de mesa identifique a dieta e assim sirva o prato correcto à pessoa certa. Prático, não é? Mas montar todo este esquema é de louvar. Os agentes de viagem têm realmente um trabalho de paciência! Certa vez fui contratada para ficar na Welcome Desk no hotel. O grupo chegava, eu entregava-lhes a documentação necessária para o evento e nos dias seguintes estava na desk para prestar qualquer esclarecimento da cidade ou do programa. No dia da chegada tinha que efectuar a pergunta das dietas e assinalar. Assim fiz ao longo do dia. Anotei tantas e tantas opções até que... "Tem alguma dieta especial, sir?" o senhor fez uns segundos de silêncio... disse-me depois a sorrir: "Eu... só posso comer caviar e lagosta!"