Os franceses são os mais apaixonados pela viagem no eléctrico 28. Querem descobrir o charme e a beleza de percorrer as colinas de Lisboa naqueles velhos eléctricos que tanto chiam. Vibram quando o guarda freio puxa pela "buzina". Arregalam os olhos quando se aproximam as descidas íngremes em curva. Por vezes pedem: "mais depressa" como crianças pequenas. Levantam-se dos bancos com pena quando termina a volta. A 17 de Novembro de 1873 é inaugurada a primeira linha de "americanos" entre a Estação da linha Férrea Norte e Leste (Stª. Apolónia) e o extremo Oeste do Aterro da Boa Vista (Santos). Era assim que se denominava o eléctrico, porque chegava da Califórnia! Os primeiros eram puxados por animais, mas depressa percebeu-se o sucesso que tinham e na vantagem que seria se fossem mais rápidos. Assim na madrugada do dia 31 de Agosto de 1901 começou a funcionar a primeira linha de carros eléctricos que se estendia do Cais do Sodré a Ribamar (Algés). Em 1905 a rede estava electrificada e os "Americanos" desapareceram das ruas de Lisboa. Alguns eléctricos continuavam a ser adquiridos nos EUA, mas já muitos eram produzidos nas oficinas da Carris. O número de redes de eléctricos aumenta até aos anos 70, quando o autocarro ganha primazia e começam a suprimir-se algumas carreiras. Em 1997 são apenas 5, enquanto que no auge dos anos 50 eram 39 carreiras. Hoje em dia nas ruas de Lisboa vemos 3 tipos de eléctricos: o vermelho e branco - dos mais antigos, utilizado como transporte turístico. Adquire-se o bilhete, recebe-se uns headphones e percorre-se Lisboa ouvindo uma explicação. Esses eléctricos possuem na frente uma rede que caía para acolher as pessoas que iam sendo atropeladas pelo eléctrico! Nos inícios por vezes não se conseguia travar a tempo e as pessoas que tentavam atravessar a correr, eram apanhadas e assim não se magoavam. Essa mesma rede também impedia choques maiores entre eléctricos. O interior é magnífico, de madeira, restaurado, sentimos mesmo que fazemos uma viagem no tempo. o amarelo e branco - o mais antigo antigo e ainda transporte público. Existem os 700 e os 500 (ou seja, os 500 conduzem apenas numa única direcção, os 700 conseguem ir para a frente ou para trás, são os típicos carros bidirecionais, com potência de 90 cavalos (dois motores de 45 cavalos), travões manuais a ar comprimido, electromagnético e electropneumático, fabricados por Leito Maley & Taunton). É mágico ouvir o vapor do travão, ver o guarda-freio a mudar o cabo ou o carril para mudar de direcção ou para que a antena do eléctrico não bata nas varandas. E mais mágico ainda é quando levantamos o assento do banco da frente e vemos a areia utilizada para ajudar na travagem e assim criar maior aderência ao chão. e por fim, igualmente amarelo e branco, mas muito mais largo e longo - o 15, que faz a ligação do centro a Belém. A velocidade máxima é de 70 quilómetros por hora, sendo os sistemas de travagem do tipo electrodinâmico, com recuperação de energia; os travões são de disco, estimulados de forma electro-hidráulica, e equipados com sistemas anti-patinagem. Em vez de trólei, utilizado pelos eléctricos tradicionais, este veículo dispõe de um pantógrafo para captar a rede eléctrica. O eléctrico têm um gerador próprio, assim se faltar a electricidade eles continuam a percorrer as ruas da cidade. Este é um transporte que existe durante quase as 24 horas do dia. O bilhete adquire-se no próprio eléctrico, mas atenção, se tiver um pré-comprado fica-lhe quase a 1/3 do adquirido in loco. A Linha mais famosa é a 28, porque percorre praticamente Lisboa completa, passando pela história da cidade: dos Prazeres ao Martim Moniz. Por estar publicitada em todos os roteiros, o 28 enche-se de locais e de turistas e por vezes, infelizmente de carteiristas. Mas se prestar atenção vale muito a pena. Se quiser saber mais, aconselho a visita ao Museu da Carris.
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