De todos... é o que mais gosto: Lisboa sem os elevadores não seria Lisboa! Muito do charme da cidade vem das carruagens amarelas e brancas que ajudam os habitantes e visitantes a subir e descer as colinas! Se o eléctrico percorre a cidade de uma ponta à outra, o elevador é fiel à mesma rua, começando logo cedo a trabalhar, subindo e descendo sem parar até ser hora de dormir. O Elevador do Lavra é o mais antigo de Lisboa, inaugurado a 19 de Abril de 1884, foi o primeiro de toda uma obra deixada pelo arquitecto portuense Mesnier de Ponsard (um discípulo de Eiffel). Nesse dia, o elevador transportou mais de 3000 passageiros durante 16 horas! É fácil imaginar a curiosidade, as expressões e a excitação para experimentar tal inovação! Tal modernidade! O trajecto total é de 188m, num desnível de 43m e com uma inclinação de 23%. Nos primeiros anos movia-se a contrapeso de água (os contentores íam no tejadilho de cada carro) e a cremalheira. Em 1915 foi electrificado e ficou tal qual como o conhecemos hoje. Atrevo-me a dizer que este é talvez um dos segredos da cidade, porque apesar de ter sido o primeiro, actualmente é o elevador mais “esquecido”. O da Glória leva as pessoas ao frenético Bairro Alto, e o da Bica liga um hipster Adamastor ao comilão Cais do Sodré. Quem pode competir? Mas digo-vos, que fico muito contente que assim seja, é que a viagem do Lavra é um momento de paz na cidade. Sentar no banco corrido de madeira escura, sentir o silêncio daquela esquina de Lisboa, subir para o alto dum bairro ainda tão residencial, sem o rebuliço do turismo ou de uma vida nocturna é precioso. Subir o Lavra é observar curvas, escadinhas, casas que nos fazem pensar se afinal estamos numa aldeia, mas é também grafittis com gosto e uma vista de tirar o fôlego. Eu sinto sempre que estou num cenário de um filme! Redescubra o Lavra e esta outra colina da cidade chegue ao Torel e regresse ao centro descendo a Calçada de Santana. Perceba porque é que em 2002 o Lavra foi classificado como Monumento Nacional!