Durante o Mundial de Futebol na África do Sul tive dois grupos muito difíceis: os chineses e os romenos liderados por um italiano do sul.
Aprendi que os chineses comem em 20 minutos, que andam por onde querem, que é extremamente difícil impôr-lhes disciplina e que esperam que o hotel tenha pasta de dentes e chinelos para todos, por isso não os trazem consigo nas mala. Resultado: tive que subitamente encontrar 90 pastas de dentes e pares de chinelos! Aprendi que são muito, mas muito insistentes até conseguirem obter o que querem!
Assim que aterraram perguntaram-me logo qual era o dia em que visitaríamos o Cabo da Boa Esperança. Problema gerado, pois não estava incluído em nenhum dos dias. Até conseguirem um ok para tal visita, não desistiram e confesso que fiquei feliz por tal, pois também eu queria ir até lá!
Neste tipo de trabalho se não temos a sorte do nosso grupo ir a determinados sítios, nós também não vamos. Por muito que fiquemos um mês ou dois, a maioria das vezes é impossível visitar o que quer que seja, ao contrário do que as pessoas pensam! Lobbies de hotéis, salas de reuniões e aeroportos são muitas vezes os únicos cenários que levamos de países onde vamos em trabalho.
Eu temia sair desta experiência sem ver esse lugar mítico para os portugueses. Quando me deparei com este grupo e apesar de todo o trabalho que me deram, acabei por ter a sorte de ir até lá. Uni-me a eles e expliquei por A+B porque não fazia sentido negar esse pedido a este grupo, sendo eles os convidados que a empresa tanto queria agradar. E após tantos esforços e reuniões consegui.
No dia da visita acordamos às 03h, visitamos o Cabo, voltamos à cidade para o jogo de futebol e quase 24 horas depois fomos dormir. O cansaço era extremo, mas a felicidade deles e minha compensou tudo!
Cabo da Boa Esperança
Os romenos liderados por um italiano foram o desafio final da aventura em terras africanas! 10 homens que procuravam apenas curtir muito, muito, muito. Super bem dispostos, mas muito fugitivos e sempre a tentar fazer o que não podiam! Mas o modo descontraído com que lidavam com tudo acabava sempre por me dar a volta! Este grupo queria fazer um safari, que não estava incluído no pacote que tinham adquirido.
O chefe veio ter comigo e pediu-me para conseguir um safari, não fazia sentido virem de tão longe e provavelmente nunca mais cá voltarem e não fazerem um safari. O problema estava na falta de disponibilidade de meios para irem ao safari. Estavamos nos últimos dias do Mundial, véspera da Final, milhares de pessoas em Jo'burg, ou seja, não havia autocarros, motoristas e vagas em safaris.
O chefe tal como os chineses perguntava todos os segundos se eu já tinha conseguido a vaga, e terminava as frases sempre assim "dai Cátia, dai, you can do it, I know you can". Eu já só ria assim que o via a caminhar para mim.
Mas também consegui! E mais uma vez, eu e eles podemos carregar nas nossas vidas imagens como a de baixo:
Este tipo de trabalho faz-me regressar a casa com quilos a menos e com uma necessidade extrema de dormir, mas após o descanso, quando vejo as fotos, acalmo e penso na sorte que tive e todas as energias voltam com mais vontade de novos trabalhos.
O mundo é uma casa tão bonita.