Estava a caminho do segundo tour do dia, sob o sol quente. O segundo tour a pé por Lisboa.
Sentia-me um pouco cansada e estava desejosa que o casal que me aguardava quisesse fazer tudo de táxi, mesmo sabendo que seria impossível tal coisa vir a acontecer!
Mal sabia que o tour seria tão, mas tão agradável e que toda essa sensação de cansaço iria desaparecer em minutos.
A primeira surpresa foi o hotel. Ainda não tinha entrado no Britania. Adorei, Lisboa nos anos 1940, o charme da Arte Déco. Entrei e senti-me a viajar no tempo. Vi a passar na minha frente a sociedade lisboeta de outros tempos, a sala dos jogos, o barbeiro, o elevador, o charme que aquelas paredes emanam.
A segunda surpresa foi o casal, desde o primeiro minuto, os sorrisos, a boa disposição, a gentileza foi notável. Pediram para conhecer os cantos mais sossegados da cidade, aquelas ruas por onde só os lisboetas passam, um ou outro segredo. Não queriam mesmo andar no meio dos turistas.
Depois pediram-me para que a visita fosse calma, sem pressa, sem pensar que tinhamos algum programa ou tempo para cumprir, que o que desse para fazer, faziamos, o que não desse, eles fariam depois sozinhos. Explicaram-me que um dos senhores já não tinha um pulmão.
E assim foi.
Apaixonados por Portugal, já conheciam o Norte, voltaram para conhecer o Sul, mas não podiam não voltar a visitar Lisboa.
Conforme íamos caminhando e falando foi-se criando uma empatia bem grande. Em poucos minutos percebemos que tinhamos gostos semelhantes e uma forma de encarar a vida tão parecida.
Trocamos ideias, filmes, músicas, experiências de vida e até política. Tudo como se nos conhecessemos há tanto tempo.
No passo certo, passamos pelos locais certos. Acertei e isso deixa-me tão feliz.
Caminhamos por aquela colina que ainda é mais esquecida. Sentir Lisboa onde ela ainda sussurra e eles levaram para a Suíça uns pequenos tesouros lisboetas.
No final, foi difícil dizer adeus.
Talvez seja um até já!