Quem não tem na memória uma ilustração de um livro de infância que o marcou, que o fez sonhar e brincar? Ou um poster de um filme que ainda hoje é o seu favorito? Ou um cartoon que o fez rir sem parar?
A imagem é um veículo poderosíssimo que deixa marcas para uma vida. Através dela passamos mensagens e geramos diálogos.
Aquele desenho, aquela figura, aquele mundo ali inventado cria um contexto, levando o leitor visual a pensar sobre ele, refletir, reconhecer e agir perante aquilo que lhe é apresentado.
Ser capaz de ilustrar uma ideia, um conceito, uma história sem recorrer à palavra, é definitivamente uma arte. E é uma missão com muito valor.
Através da imagem descobre-se o outro, o mundo, desenvolve-se a capacidade de ver o invisível, de sonhar, de criar mundos imaginários e inventar o futuro.
Este ano realiza-se mais uma Bienal de Ilustração para a infância em Portugal, desta vez na cidade de Castelo Branco.
Não percam este encontro que tem lugar no Centro de Cultura Contemporânea até ao dia 5 de Outubro.
Pequenos e graúdos não devem nunca deixar de imaginar!
Em jeito de homenagem à ilustração portuguesa, destaco hoje quatro ilustradores portugueses premiados, também a nível internacional, uma editora de revistas infantis e uma galeria especializada em ilustração.
Certamente já esbarraram com os cartoons de André Carrilho, principalmente as caricaturas, e riram a bandeiras despregadas.
Mais do que salientar aquela característica física única do retratado, Carrilho brinca com uma situação vivida por ele ou com a sua simbologia social: Britney Spears, John Travolta hair, Bush, Obama, Lady Gaga, Beyoncé ou Federer.
André Carrilho é vencedor de vários prémios nacionais e internacionais e tem apresentado o seu trabalho em exposições colectivas e individuais no Brasil, China, República Checa, França, Portugal, Espanha e EUA.
Em 2002 ganhou a medalha de ouro da Sociedade for News Design pelo seu portfolio.
Colabora com publicações como The New York Times, The New Yorker, Vanity Fair, NZZ am Sonntag, Harper’s Magazine and Diário de Notícias, entre outas.
Joana vive em Olhão, talvez a proximidade do mar e a distância do rebuliço das grandes cidades tenha influenciado o seu trabalho.
O mundo criado por Joana transporta-nos à infância – são cores suaves, figuras redondinhas, faces rosadas, com as quais criamos empatia imediata, seja porque nos lembra o jardim perto de nossa casa, a senhora do mercado, um amigo, o local das férias, o nosso animal de estimação, ou porque nos faz pensar em livros que lemos na infância.
É um mundo de seres vivos, de pessoas genuínas, animais peculiares e plantas bem vivas. Um mundo que recorda tradições e lendas, mas que também pode ser convulso, hirsuto e revolto, muitas vezes crítico e irónico.
Galardoada com a medalha de mérito da 3x3 por duas vezes, um dos seus trabalhos mais recentes está presente na Ilustrarte 2018: Vinci, o Gato voador.
Considerado em 2010 como um dos 200 melhores ilustradores de todo o mundo pela Sociedade de Ilustradores de NYC e galardoado com duas medalhas em 2014, André da Loba tem vindo a fazer um percurso magnífico e diversificado: do desenho individual, a livros infantis, passando por esculturas em cartão, ilustrações bidimensionais e filmes, as suas imagens distinguem-se pelo registo minimalista, o uso de cor e estilização.
André já viveu em NYC, Milão, Barcelona, Viena e Londres, expondo o seu trabalho e colaborando com publicações como a Times Magazine, NYC Times, Washington Post, etc
Destaco a série "OBSCÉNICA - Textos Eróticos & Grotescos" que reúne textos da escritora brasileira Hilda Hilst.
Marta vive em Penafiel e em 2014 chamou a atenção do Mundo com o seu trabalho Little People: pequenas mulherzinhas que vivem num mundo de gigantes, e que dão um novo significado aos objectos mais banais do nosso dia a dia.
Premiada pela Sociedade de Ilustradores de NYC, pela revista 3x3, pela NoBrow, vencedora do prémio Vasco Granja na Montra, Marta Monteiro já expôs do Porto a Bolonha, passando por NYC.
A Triciclo é uma editora de zines infantis resultado do trabalho de Ana Braga, Inês Machado e Tiago Guerreiro.
Conheceram-se na Ar.Co, juntaram-se e criaram a sua própria editora.
A Triciclo é a revista principal dessa editora e muito original - tem 24 páginas, cada página corresponde a uma hora do dia e é impressa em risografia - uma máquina de impressão japonesa criada em 1986 que imprime a duas cores, onde as imagens são impressas em camadas, criando diferentes tons e desenhos em desacerto propositado. As edições são numeradas e limitadas.
A cada número editado surge uma novidade, zines dedicadas só a passatempos, outras a novos autores e este Verão surgiu o número dedicado ao ABC do Cinema.
Presente em feiras internacionais, a Triciclo leva o nome de Portugal às crianças do mundo inteiro.
Ema Ribeiro é a galerista responsável por dois espaços onde a Ilustração mostra que não é uma arte menor.
Desde 2009 no Porto e de 2015 em Lisboa, estes espaços despertam a curiosidade de quem passa em frente das suas montras de vidro. Ambas situadas em bairros históricos das grandes cidades, as galerias Ó dedicam-se à organização de exposições temporárias colectivas e individuais de ilustração, desenho, livros e zines, colocando Portugal na rota das Galerias de Ilustração.