Carolina Malta é Guia Intérprete Nacional desde 2003 (Escola de Hotelaria e Turismo do Estoril). Nascida em Sofia, Bulgária, mas filha de pais portugueses, já viveu em Montemor-o-Novo (terra do pai), em Lisboa (onde a sua mãe cresceu) e em algumas cidades no Norte como o Porto, o que entre muitas outras coisas acrescentou ainda mais amor, compreensão e riqueza às suas visitas guiadas por este país fora. De volta às suas origens paternas que sempre borbulharam no seu sangue, Carolina vive com o seu marido e os 3 filhos em Montemor-o-Novo, muito perto de Évora.
Foi a traballhar que conheci a Carolina, num daqueles grupos de incentivos em que trabalhamos com os outros colegas de profissão. Cedo percebi que a Carolina era generosa. Numa mistura de timidez com expansão, a Carolina prende a atenção pela sua elegância de ser, pelo ar de curiosidade e sede de saber, pelo humor e nesta profissão algo tão importante, generosidade. A Carolina partilha o que sabe, ajuda o colega e traz uma gargalhada divertida ao trabalho.
É com muita alegria que a partir deste ano a Carolina vem-nos deixar sugestões de passeios e eventos no nosso querido Alentejo.
Não percam a Dica da Carolina
"Bom Ano a todos – viajantes e aventureiros! No seguimento da crescente preocupação em torno da sustentabilidade dos recursos naturais, assumi a responsabilidade de vos sugerir uma experiência turística que vá na mesma direcção.
A água é, e será sempre, um elemento vital para o desenvolvimento responsável das comunidades, sendo, ao mesmo tempo, sinónimo de sobrevivência e prosperidade. É do conhecimento comum que a ocupação dos territórios, a construção de paisagens, as cidades e o florescimento de civilizações foram, ao longo do tempo, condicionados e/ou incentivados pela disponibilidade de recursos hídricos. Neste sentido, os sistemas de captação e condução de água assumiram particular importância, sobretudo em regiões onde a disponibilidade deste recurso foi sempre irregular, como foi e é o caso da região do Alentejo.
É neste âmbito que Évora foi a cidade escolhida para o primeiro périplo do ano, onde o turismo se traduz não só na recuperação dos espaços públicos da cidade, mas também em criar produtos turísticos como percursos pedestres destinados a conhecer intimamente a cidade. Desta vez através da história das fontes e chafarizes que se encontram em espaço público, remetendo-nos para um passado que vai para além da estética, monumentalidade ou funcionalidade, um passado em que estas tinham uma função também social ora como ponto de encontro, de reunião, de saúde e de recreio, por exemplo, quando utilizadas como refúgios do calor do Verão.
São diversos e consideráveis os vestígios de estruturas datadas desde o período romano, outras edificadas no século XVI e XVII, como o Aqueduto da Água da Prata e o sistema de distribuição público a ele associado, que substituiu o conjunto de poços e cisternas medievais; e, ainda, os chafarizes e bicas construídos ou reconstruídos durante o processo de melhoramentos urbanos e infra-estruturação do século XIX/XX, em que foram aplicados novos materiais, como o ferro.
Aqui fica um passeio a pé que aproveita património edificado e a memória que nem sempre tem significação ou valência turística de uma forma evidente:
Da Porta da Lagoa de onde se pode vislumbrar o aqueduto de Água da Prata de uma forma sublime, o passeio terá início na Fonte do Chão das Covas, seguindo para a Porta de Aviz onde se encontra o Fonte do Largo de Avis (antiga Fonte da Porta Nova). Descendo pela rua de Aviz, espreita-se a rua da Mouraria, segue-se pela rua das Fontes e na rua do Menino Jesus está a CEA - Unidade Museológica da antiga Central Elevatória de Águas. Depois de uma pausa para descobrir este espaço desemboca-se no Largo Conde Vila Flor, onde se encontra o emblemático templo romano. Continuando pelo Largo de S. Miguel, segue-se para a Fonte do Largo dos Colegiais e entra-se no Colégio Espírito Santo para se visitar a fonte dos lavabos e dos claustros. Pela Rua Conde Serra de Tourega chega-se ao Largo da Porta de Moura para conhecer mais uma fonte e, depois de cruzar-nos com a Catedral, caminha-se pela rua 5 de Outubro com vista a Praça do Giraldo para ver o chafariz henriquino e a fonte da antiga rua de Alconchel. Sugiro um desvio aos Paços dos Concelho para visitar as Antigas Termas Romanas, que não sendo fonte ou chafariz, está relacionado com a cultura da água. Ainda intramuros, dá-se uma espreitadela ao Largo da Graça com a sua fonte de ferro e segue-se para a Praça 1º de Maio, onde se encontram duas fontes. Já fora das muralhas e num local que funciona hoje como estacionamento de viaturas encontra-se a fonte Rossio de São Brás.
Bom passeio!"
Carolina Malta
carolinammalta@gmail.com
Carolina Malta.