Ora viva viajantes e aventureiros! Neste que é o mês em que também se celebra o Amor, nada como mais um convite para (re)visitar o Alentejo. Seja para um pic-nic romântico ou, até quem sabe, um pedido de casamento, a melhor sugestão é a Rocha dos Namorados ou Pedra do Casar.
A Rocha dos Namorados é um menir que podemos encontrar na aldeia de São Pedro do Corval – terra já sobejamente famosa pelo seu trabalho de olaria. Afloramento de granito natural, com mais de dois metros de altura, a Rocha apresenta uma forma de um cogumelo, assemelhando-se a um útero, que ao longo dos tempos foi testemunhado uma continuidade de cultos relacionados com a fecundidade.
Adornada de gravuras megalíticas do tipo covinhas, esta pedra tem o seu topo coberto por um manto de pequenas pedras soltas, que são resultado de um antigo rito pagão que se manteve até aos nossos dias.
As estórias são diversas e, como se sabe, quem conta um conto acrescenta sempre um ponto e apesar destas se entrelaçarem em determinados momentos, vou partilhar aquela que aprendi e gosto sempre de partilhar.
Reza a lenda que era o ponto de encontro de dois jovens apaixonados, cujas famílias se odiavam. O pai da jovem já desconfiava do namorico, por isso seguiu-a e ao encontrá-la junto ao menir perguntou-lhe o que ali fazia, ao que a jovem explicou que lançava pedras à Rocha para saber quantos anos ainda teria de esperar para casar.
Com medo de ser descoberta e numa tentativa de esconder o seu amado, convidou o seu viúvo pai para fazer o mesmo, mas este teria de lançar as pedras de costas e com a mão esquerda. Inacreditavelmente o pai acertou à primeira e casou nesse mesmo ano com uma linda mulher. Já os jovens continuaram a namorar às escondidas.
Conto à parte, a verdade é que manda a tradição, que na Segunda-feira de Páscoa, dia em que as famílias saiem para comer o borrego no campo, as jovens solteiras que desejem casar devem, de costas, lançar 3 pedras com a mão esquerda. Se acertarem e a pedra alcançar o topo, casará nesse mesmo ano. Se acertar na segunda tentativa, o casório terá lugar no ano seguinte. Por outro lado, se só tiver sucesso na terceira vez a jovem namorada casará dentro de 2 anos. Por fim, a quem faltar pontaria ou força no braço, terá de esperar pelo ano seguinte e, assim, uma nova tentativa.
É uma linda tradição primaveril, que apela a inicio de novos ciclos de vida, fertilidade, ao amor...
Interessante será também de referir como a Cristandade e a Igreja Católica soube sempre incluir no seu repertório de rituais outros ritos pagãos. Entre a Ermida de Nossa Senhora do Rosário e a aldeia do Mato (actual São Pedro do Corval), era habitual fazer-se uma procissão em época de seca – uma espécie de homenagem à mãe-terra. Essa procissão passava junto à Rocha dos Namorados, símbolo megalítico de fertilidade e onde é visível uma gravação relativamente recente de uma cruz cristã, como que de uma autorização, um batismo católico se tratasse.
Uma viagem até cá acompanhada de belas paisagens é sempre gratificante, por isso se quiserem aproveitar o clima romântico podem oferecer um Amor é Cego, de Estremoz e “roubar” um beijinho à amada/o dentro da Oliveira dos Namorados, que hoje se encontra junto ao castelo do Alvito, mas essas são outras histórias...
Carolina Malta
carolinammalta@gmail.com
Será que acerto e aparece o amor da minha vida?
Apareceu!
E viveram felizes para sempre! :)