Tenho notado que as pessoas sentem-se desconfortáveis ao falar em viajar. Se por um lado já estão ansiosas por essa liberdade, por outro, a insegurança económica que aí vem, faz recear ter esse gasto extra.
Penso que é importante avaliarmos quantas vezes viajavamos e onde gastamos o dinheiro.
Mas porque não viajar menos frequentemente? Porque não viajar em Portugal? Será que conhecemos mesmo bem a nossa terra? Porque não fazer como em tempos idos, em que conhecíamos lugares através de descrições de livros, sonhando com o dia em que poderíamos ir até lá. Acreditem que ir a um destino de sonho e não por moda, é tão mais valioso.
Em tempos de Quarentena continuaremos a mostrar Portugal, para que possam ir planeando onde ir num futuro próximo, mas já sabem, levem convosco um Guia Intérprete Certificado. Será uma mais valia na vossa viagem.
Agora segue a Dica da Rosa para um passeio na linda Ilha da Madeira.
Após a última dica, decidi descer da Floresta ao litoral e sugerir um passeio à beira-mar, mais precisamente no passeio público marítimo, também conhecido entre os locais como “Promenade”.
Inaugurada no ano 2011, construída sobre pilares, manteve a beleza da falésia intacta com pouco impacto ambiental.
Aproveito a oportunidade e menciono um regionalismo no nome da dica. “Babujinha”, significa, para os madeirenses, a zona da rebentação marítima.
Este convite, uma vez mais, é acessível a todos e pode ser adaptado ao tempo disponível e energia de cada um.
Embora seja possível fazê-lo a qualquer hora do dia, sugiro o início da manhã ou ao entardecer, pela luminosidade (mais indicada para eventuais fotos) evitando também as horas de sol mais intenso.
Se optarem pelo entardecer, terão o por do sol como bónus.
Este trajeto da promenade liga a Praia Formosa a Camara de Lobos (2,2km – one way), mais precisamente, o Município do Funchal e a mais importante zona piscatória da Madeira.
A Praia Formosa, corresponde à parte final da zona hoteleira, que se estende para o lado oeste da cidade ao longo da faixa costeira. Uma praia de calhau rolado, a mais extensa praia pública do Municipio, com alguns depósitos de areia escura (proveniente da erosão do basalto) ao longo da mesma. Após a Formosa, surgem outras, mais pequenas, a praia nova, a do Areeiro e a dos namorados.
As minhas sugestões são sempre para fazer com calma e tranquilidade, aproveitando-as ao máximo.
Faço, novamente, um convite ao despertar dos sentidos: para a maresia, o marulhar do mar no calhau, os “diamantes inquietos” formados pelo brilho dos raios de sol sobre o oceano, os mini jardins coloridos de vegetação espontânea ou cultivada, as diversas camadas de materiais da falésia, provenientes de fases mais ou menos explosivas do vulcanismo milenar que originou a formação da ilha… se a maré estiver baixa, a paleta de cores na “babujinha” é mais diversificada, um degradé de cinza claro/escuro do calhau seco/molhado, o verde das algas, o branco da rebentação e o azul do mar.
Na praia Formosa, algumas esplanadas, umas mais elegantes que outras, oferecem a possibilidade de apreciar uma bebida a contemplar o horizonte, os banhistas ou passantes. Se resistir a esse apelo, pode fazer um momento chill out ao concluir a primeira parte do passeio em Câmara de Lobos, ou no regresso para recuperar a energia.
O percurso oferece uma panóplia de imagens muito diversificada; na impossibilidade de enumerar todas, saliento apenas algumas porque o mistério e a descoberta individual, também têm o seu encanto.
- Antigo forno da cal - construção cónica, antes de chegar à baía de Camara de Lobos.
- Pequeno abrigo de gatos – junto ao antigo forno da cal.
- Alguns endemismos como o Goivo da rocha ou cravo de burro (Matthiola maderensis) e o Massaroco (Echium nervosum), este último, conhecido entre os ingleses e alemães, como orgulho da Madeira.
Se quiser conhecer melhor o litoral madeirense, este é um dos passeios mais indicados, pode até ser uma autêntica meditação em movimento para quem sabe e consegue se abstrair dos outros passantes (turistas e locais que fazem exercício físico ou simplesmente passeiam o cão…).
Rosa Figueiredo
rasamaya.figueiredo@gmail.com