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A Dica da Cristina - Coralina

A Cristina Teixeira começou o ser percurso académico num curso de História, variante Arqueologia, mas rapidamente apercebeu-se que não era essa a área que lhe despertava mais interesse.

Sem medo de mudanças e determinada, mudou de curso e entrou na ESHTE para formar-se como Guia Intérprete Nacional.

Não se arrepende nem um segundo dessa decisão, pois aí encontrou a sua verdadeira paixão profissional.

A entrada em turismo permitiu-lhe também despertar para outros interesses, como o amor às árvores e a tudo o que as rodeia, algo que não é de agora, mas que se intensificou muitíssimo nos últimos anos... Um outro gosto que entretanto despertou é o Trekking e as grandes Caminhadas, que permitem estar em contacto com a natureza e desafiar muitos dos seus limites físicos.

Estas paixões e o seu trabalho nem sempre são fáceis de conciliar com a vida familiar, talvez por isso nos últimos tempos tenha tentado «arrastar» a sua única filha, a Carolina, para este seu mundo, na esperança de desenvolver nela este mesmo amor e respeito pelo meio que nos rodeia.

Aqui fica o primeiro artigo da Cristina (sabiam que a Cristina foi minha colega de curso?):


"O encantamento pela natureza, sobretudo pelas árvores, acompanhou-me desde sempre... E mesmo sem nada saber sobre elas, ficava intrigada pela forma como uma pequena semente é capaz de dar origem a seres tão imponentes, capazes de preencher muitas das nossas necessidades materiais e espirituais... São também testemunhos, impassíveis, do desenrolar do Tempo... Assistem silenciosamente ao passar de diferentes gerações por debaixo das suas copas, num eterno desfilar de humanidade, que passa e se regenera sob o seu «olhar» atento...


Uma pergunta que me coloco muitas vezes é: «Como terá começado este fascínio pelas árvores?» Um dia ao ler os «Jardins de Lisboa» do Prof Ivo Meco descobri a resposta numa simples frase... Segundo ele «O primeiro jardim que conheci foi o quintal plantado em frente à casa dos meus pais». Pois no meu caso, foi o quintal nas traseiras da nossa casa de família onde passava largas horas a brincar e a interagir com os animais, a horta do meu pai e as diferentes árvores de fruto que o povoavam. O tempo parecia parar nesses momentos e era transportada a uma outra realidade.

Mais tarde, nos meus tempos de estudante, foram muitas as horas passadas num banco de jardim, acompanhada de um bom livro.

Ainda hoje dou por mim a contemplá-las nos diversos espaços verdes espalhados pela linda cidade de Lisboa, beneficiada por um clima muito apreciado por árvores de todo o mundo.

Ultimamente a curiosidade adensou-se e tenho procurado saber mais sobre estes seres impressionantes.


Recentemente descobriu-se que são capazes de comunicar entre elas através de uma rede subterrânea. Segundo Wohlleben, autor da «Vida Secreta das Árvores», «as raízes das árvores passam por processos elétricos semelhantes aos que ocorrem no cérebro humano». Trocam nutrientes e são mesmo capazes de emitir mensagens de alerta quando se sentem ameaçadas. Além disso podem sentir dor e medo..

São realmente seres generosos que nos oferecem muitas dádivas, como o oxigénio, dão abrigo e alimentam-nos. Presenteiam-nos também com a madeira, borracha, resina, cortiça, colas, fibras vegetais, etc... Curiosamente cada uma delas especializou-se de forma a que nada faltasse ao Homem.


Nos anos 80, foi reconhecido os seus benefícios na saúde física e mental do Homem, com a criação no Japão da «Forest Therapy», como é designada na Europa e EUA, ou «shinrin-yoku» («banho na floresta»). De facto, muitos acreditam que vários problemas de saúde podem ser resolvidos pelo simples facto de passar pelo menos 20m em contacto com a natureza.

Alguns cientistas defendem que o banho de natureza permite diminuir os níveis de cortisol, que são responsáveis por doenças como pressão alta, diabetes, osteoporose, aumento de peso, etc... Pode levar também a um aumento de células produzidas pelo sistema imunológico, evitando futuras infeções e sendo também um poderoso aliado no combate ao cancro.

E abraçar uma árvore pode realmente curar ou atenuar algumas doenças, reequilibrando energias internas. Mas cada árvore tem o seu próprio poder curativo, como por exemplo:

  • Salgueiros: anti-inflamatório e analgésico

  • Pinheiro: irradia muita energia vital, fortalece o sistema nervoso e contribui para uma vida longa e saudável; além de aliviar os problemas respiratórios

  • Cipreste: equilibra e cura do sistema vascular e problemas hormonais (menopausa)

  • Figueira: limpa o coração e combate a diabetes, úlcera, pressão arterial e tem propriedades antioxidantes

  • Abeto: diminui o inchaço e ajuda na cura dos ossos

  • Olmo: ajuda no tratamento de dermatoses, gota e reumatismo; tranquiliza a mente e fortalece o estômago

Eu tento sempre abraçar uma árvore nas minhas caminhadas, creio que é também, uma forma de lhes agradecer todas as dádivas com que nos agraciam.



Nesta época do ano Lisboa vê as Jacarandas a florir, mas também a exótica Coralina ou Coraleira vinda da América do Sul, cujo nome científico é a Erythrina crista-galli.

Erythrina vem do grego «eryhtros» que quer dizer vermelho, devido à cor de certas espècies; crista galli do latim «crista de galo) já que as suas flores nos recordam a crista deste animal.

Na América do Sul é também conhecida por Ceibo, nome também dado à flor que foi adoptada como a flor nacional da Argentina e Uruguai.

Fotografia Odete Oliveira

Embora existam mais de 130 espécies diferentes de Erthrina, a que encontramos com maior abundância nas ruas de Lisboa é a crista-galli. Foi recentemente plantada na rotunda do Marquês de Pombal e encontramo-la também no Parque das Nações.

É uma árvore de pequeno porte (5-8m) sendo utilizada sobretudo como ornamentação. Na Venezuela e na Colômbia são também usadas para proporcionar sombra nas plantações de café e cacau.

Sendo melífera é atrativa para a passarada em geral. Apesar da sua madeira ter algumas utilizações (celulose), é de fraca qualidade, porosa e pouco resistente...

Tem também algumas características medicinais, tendo propriedades sedativas, e as inalações permitem aliviar os sintomas associados ao reumatismo.


Agora que voltamos à rua, estiquem as pernas, sintam os odores da Primavera e maravilhem os olhos com a explosão de cores das folhas das árvores."


Cristina Teixeira

cristinarascoa@sapo.pt

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