A sugestão do título desta dica foi feita por uma amiga durante uma visita ao Campo de Educação Ambiental do Santo da Serra – Eva e Américo Durão. O fascínio foi crescendo, à medida que o ia conhecendo; senti que penetrava na magia do Universo dos contos infantis.
A visita foi guiada pelo Dr. Raimundo Quintal, assistido pelo Emanuel Rocha, no dia seguinte ao Dia Mundial do Ambiente, (6 de junho); partilharam com o grupo o seu vasto conhecimento sobre o mundo das plantas e seus segredos, bem como, muitas curiosidades sobre este local. As suas explicações e conhecimentos. envolveram-nos de tal forma, que, apesar do chuvisco que surgia ocasionalmente, ninguém perdeu o encantamento e deslumbre do local.
Durante a visita, a vontade de divulgar este campo tão especial, bem como o trabalho lá desenvolvido, cresceu de tal forma que decidi incluí-lo nas minhas dicas.
Sejam bem-vindos, então, ao Campo de Educação Ambiental do Santo da Serra - Eva e Américo Durão.
Este espaço ocupa uma área de 8,7 ha, e localiza-se na freguesia de Santo António da Serra.
Uma particularidade sobre esta freguesia é a sua divisão administrativa, partilhada entre dois Municípios, pertencendo a igreja a Santa Cruz e o cemitério, mesmo ao lado, a Machico.
Este campo é fruto da vontade de Eva Durão de deixar um legado natural às gerações vindouras “com o objetivo de ser criada uma unidade de paisagem, vocacionada para a conservação da Natureza e promoção de ações de educação ambiental”.
A Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal foi a escolhida por Eva para a doação; não só porque era conhecedora das suas atividades, mas também porque nela confiava.
A Associação tem vindo a desenvolver um excelente e persistente trabalho, maioritariamente, voluntário, em prol da Natureza desde 1996; ganhou, inclusivamente, em 2016 o “Prémio Internacional Terras Sem Sombra”, na categoria salvaguarda da biodiversidade.
O testamento foi feito em abril de 2019 e desde então decorrem trabalhos de requalificação (limpeza de infestantes, vedações, construção de sanitários e recuperação da pequena casa para centro de interpretação e biblioteca).
A propriedade subdivide-se em duas áreas, planáltica e vale. Na parte central, há uma clareira com plantas exóticas, casa, sanitários e um canteiro muito especial. O Canteiro da Eternidade.
O Canteiro da Eternidade, perpetua a memória da doadora, já que as suas cinzas (cumprindo a sua vontade) foram lá colocadas e no local foi plantado um Ginkgo biloba*, vulgarmente conhecido como árvore avenca ou da eternidade.
Atualmente o staff é composto, apenas por 3 pessoas, já que muito do trabalho é desenvolvido pelos voluntários da Associação.
O trabalho desenvolvido consiste sobretudo em:
- Valorização das plantas indígenas e endémicas;
- Introdução de plantas exóticas ornamentais para permitir manchas de cor;
- Criação de uma mata ajardinada;
- Está ainda prevista a introdução de cerca de 200 variedades de camélias.
São muitas as curiosidades sobre este campo, ele “guarda uma interessante variedade de cogumelos, possui grande diversidade de insetos e oferece refúgio a aves nativas e visitantes” e numa área especifica foram colocadas algumas colmeias.
Opto por alguns apontamentos sobre especificidades do parque;
- Uma cameleira raríssima – Camélia nitidíssima;
- 3 exemplares de cedros da Madeira (Juniperus cedrus subsp. maderensis, f. fastigiata);
- 64 variedades de plantas aromáticas
- Os carvalhos (Quercus robur) da propriedade são dos maiores existentes na Madeira;
- Uns surpreendentes buracos no terreno, são fruto de sondagens para a construção de um aeroporto no final dos anos 70
Rico em encantos e recantos, este espaço, também convida à contemplação e meditação. Para ampliar a vossa vontade de conhecê-lo “in loco”, destaco dois recantos que me cativaram de imediato;
Um banco, junto ao ribeiro, onde é possível ouvir a água cantar, e ver duas árvores “abraçadas,” e uma zona reservada aos “banhos da natureza”, onde predominam as quatro espécies de lauráceas da Madeira (Til, Vinhático, Barbusano e Loureiro) entre outras plantas endémicas.
Fecho a dica com o convite para lá passarem um dia em família, (se possível) com avós e netos enquanto uns e outros se entretêm, podem até dar uma pequena ajuda nos trabalhos.
Para mais informações contactem o Parque:
info@amigos do parque.com
Telf: 962593770
*Ginko biloba – arvore considerada um fóssil vivo, a sua existência remonta a 200 milhões de anos, à época dos dinossauros, mas manteve sempre a sua estrutura/essência originais.
Rosa Figueiredo
(rasamaya.figueiredo@gmail.com)
(Fotografias cedidas pelo Dr. Raimundo Quintal)
Fotografia cedida por Graça Menezes